Cine debate na casa espírita?

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   O cinema, o uso de um debate sobre um filme ou vídeo pode auxiliar no processo de aprendizagem?

Divido com vocês algumas experiências que tive utilizando o cine-debate e recorro a algumas referências como o livro, A hipótese-cinema, de Alain Bergala (2008): “...reconhecemos o cinema como alteridade, pois a experiência com o cinema permite ser o outro, viver em outro território, flanar por diferentes espaços e tempos”.

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  Realizei alguns cinedebates em casas espíritas com um filme de própria autoria, Solitude. Nele a protagonista, Lurdes, inconformada com a própria velhice, vive a solidão na populosa cidade de Lisboa/Portugal, mas um encontro inesperado muda a sua vida. É um filme que tem como assuntos: depressão, suicídio, solidão e solidariedade.

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   Fizemos com ele, cine-debate em várias cidades do Brasil e também em Portugal e Austrália,  deixando o público livre para perguntas e quando não havia muitas interações, tínhamos perguntas já prontas que proporcionavam a reflexão: a) o filme tem alguma relação com o que aprendemos no Espiritismo? b) você se identificou com algum personagem e por quê? 3) você faria escolhas diferentes da personagem Lurdes?

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   A experiência de fazer um cine debate é um convite e desafio à reflexão e discussão sobre temas tratados no roteiro da obra, as escolhas das personagens, conflitos e desejos. No debate as pessoas falam, não só ouvem, como normalmente em uma palestra, algumas dão depoimentos; é uma troca de ideias que agrega conhecimentos e há um processo natural de identificação com as histórias, com as representações. No filme Solitude, muitas pessoas se identificavam com a protagonista ou conheciam alguém próximo a elas que vivia algo parecido. Em uma exibição em uma casa espírita de Porto Alegre/RS, uma das pessoas disse que se identificava com a história e já tinha tentado suicídio 5 vezes; neste caso e outros, o cine-debate proporcionou um aprendizado, pois foi tratado o tema de forma cuidadosa e fundamentada no que se estuda no Espiritismo.

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   O debate proporciona ver um filme mais que um entretenimento, uma ferramenta, suporte de estudo. Relacionar o que é visto através das imagens em movimento, os conflitos de nossa vida com o que é estudado nas obras básicas e como Frederico Fellini diz, “O cinema é um modo divino de contar a vida”.

Um filme consegue mexer com o campo emocional, muitos que viram Chico Xavier, o filme, ou o filme Nosso Lar, saíram dos cinemas com enormes reflexões, tocados pelo sentimento. E como Leon Dénis fala em sua obra, O espiritismo na arte, a arte proporciona a reflexão e o sentir e pode ser uma eficaz ferramenta de educação do ser.

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   Na escolha dos filmes, não precisa necessariamente ser filmes espíritas, mas que tenham alguma relação de assuntos que possam ser trabalhados. A Federação Espírita Brasileira tem um projeto, Luz além da tela, de exibição e debate de filmes em que já foram debatidos os filmes, A cabana, Star Wars, Divertidamente, etc., sempre buscando debater esta associação com o Espiritismo.

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   Tenho um trabalho de cine debate em uma creche para crianças de 2 a 4 anos. Nele passamos filmes, a cada 20 minutos fazemos uma pausa e abrimos a roda de perguntas, parada necessária pelo nível de atenção que crianças nesta idade tem, os filmes escolhidos tem valores que podem ser trabalhados nos processos de identificação com a história, auxiliando assim na parte lúdica e formação infantil.

Como exemplo, usamos o filme Toy Story, e a partir das cenas, da história narrada, elaboramos algumas perguntas:

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a) Vocês cuidam dos brinquedos de vocês? Guardam? Limpam? b) O que a gente faz quando não queremos mais? Doamos? c) Você empresta para seu colega? d) No filme, o personagem cowboy Woody, tinha ciúmes. E nós, devemos ter ciúmes?; E outras perguntas que nos proporcionaram trabalhar com as crianças nesta faixa de idade, alguns valores e dificuldades que eles passam como (gritar, morder, brigar, crescer).

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   Em uma cena do filme o personagem Woody mostra sua insegurança e medos de ser esquecido pelo seu dono, na hora da roda de conversa, uma criança de 4 anos viveu o processo de identificação, falou que também tinha medo de ser esquecido, pois seu pai só queria saber de usar o celular e não brincava com ela.

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   Com isso discutimos sobre tecnologia, tempo e outros assuntos. Faço também cine-debate com idosos, em um asilo e é incrível o processo de identificação deles com as histórias. Tanto, crianças, jovens ou adultos podem viver um processo de catarse assistindo um filme pela descarga de sentidos e emoções e nesta hora o cine-debate auxilia a discutir isso.

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  Então respondendo. O cinema, o uso de um debate sobre um filme ou vídeo, pode auxiliar no processo de aprendizagem do ser, o contato com os filmes pode promover o encontro com diferentes experiências estéticas; provocar o questionamento, criar uma identificação, e seu uso é agregador e dinamizador.

   E você, o que está esperando para levar o cine debate para sua casa espírita?